Ça n'est pas vrai!

24.8.06

Conjecturas

Mais importante do que quer que fosse, tinha ele percebido com isso tudo, e agora, que não há precisão em medidas como essa.
A balança não tem prumo e o irrelevante pode ser essencial.
Tinha passado já tanto tempo que os detalhes nem mais lhe existiam. Na verdade, até certas coisas antes grandes já eram, para ele, tidas como esquecidas, escondidas num fundo qualquer de sua memória.
Pensava não ter feito nada e nada ter deixado atrás ou para trás, mas isso tudo aos olhos dela eram uma imensidão. Montanhas de coisas boas ou ruins; montanhas de sentimentos que nunca mais viria a sentir, pensava ela, em seus delírios de incompreensão.
Passou ele, então, a se perguntar se viveram os dois juntos em realidades distintas. Conjecturou que talvez tivesse existido seu mundo fantástico e também o dela.
A idéia não vingou e continuou sem saber o que havia feito antes e se acaso existisse o que ser feito agora.
Desconsiderou até, em certa hora, sua própria opinião; talvez fossem delírios da febre alta.
Da caixa de seu chocolate preferido tirou mais um bombom. Releu o bilhete que veio junto com os doces. Tentava encontrar ali uma lógica.
Olhou o relógio, tomou o remédio da noite. Não se lembrava mais que, em tempos nem tão remotos, o antitérmico eram ela e os mesmos bombons.